SOBRE

Autobiografia - Ariane Marques Bertinetti


Tudo começou quando vi a luz no fim do túnel, literalmente. Era manhã do dia treze de julho de mil novecentos e noventa e dois. Estava frio como de costume na linda e histórica cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul enquanto minha mãe, Ana Claudia Vargas Marques se preparava para dar a luz. Meu pai, Airan Bertinetti dos Santos, aguardava na sala de espera.  As 10h28min da manhã eu vim ao mundo. Era pequena, aproximadamente 48 cm, 3.340Kg e com cara de joelho. Meus pais dizem que nem chorei muito. Que sai, levei a palmada do médico e dormi. Bem, era um sinal de como seria hoje. Fui batizada com o nome Ariane Marques Bertinetti dos Santos. Nome grande, não? Foi escolhido principalmente, por começar com a letra “A”. Um tiro certeiro de meus pais, pois adoro o meu nome.
   Eu era um bebê normal. Fofinha, loirinha dos olhos verdes, mas era só. Não fazia nada que um bebê normal não faz. Não fui o tipo de criança prodígio que aos dois meses sabia escrever, tocar bateria ou dividir 234567 por 3. Com três meses rolei na cama, com quatro fiquei sentada e com seis comecei a engatinhar. Até que papai conseguiu uma grande oportunidade de negócio no Paraná e fui carregada pra cá. Foi na cidade de Altônia que aos sete meses, pronunciei a minha primeira palavra: papai. Depois disso, nunca mais parei. Mais um sinal que explica o porquê eu falo tanto. Quando fiz um aninho, tive uma pequena festa de aniversário. Pequena mesmo, já que minha família não conhecia muita gente em Altônia. Logo após isso, com um ano e três meses meu pai estava caminhando comigo pela sala de casa, me segurando pelas alças do vestido, me obrigando a dar alguns passinhos quando de fato eu comecei a caminhar. Ele soltou as alcinhas e eu certa de que ele ainda estava segurando, sai zanzando pela casa.
Eu com 2 aninhos.
   Depois disso minha vida foi comum. Eu andava, brincava e fazia o que qualquer criança do primeiro aninho ao terceiro fazia. Até que aconteceu uma das coisas mais importantes e impactantes na minha vida. Algo que mudaria minha vida pra sempre. Minha mãe engravidou novamente. Claro que no começo eu adorei. Adorava ficar com ela, fazer carinho em sua barriga e cantar musiquinhas do tipo “eu vou cuidar muito da minha irmãzinha”. Eu até sonhava com o dia em que a cegonha ia finalmente trazer minha irmã Andressa para casa. Não preciso nem dizer que o encanto se quebrou pouco tempo depois do nascimento, certo? Pois todo mundo sabe que é de lei irmãos brigarem, se baterem e se odiarem. Claro que eu e Andressa não íamos fugir desse costume tão rigidamente seguido por irmãos durantes séculos.
Eu e a Peste (também conhecida como Andressa minha irmã)
   Durante o primeiro ano da Andressa, nos mudamos para Umuarama e em seguida para Iporã. Cidade pacata, cheia de subidas e descidas e com aproximadamente 14 mil habitantes . Foi nessa época que eu decidi que iria ser Jornalista e sentaria na bancada do Jornal Nacional como apresentadora. Entrei na primeira série no Colégio Geni Giordano, também conhecido como Levi. Fiquei lá até a terceira série. A quarta fiz no Colégio Monteiro Lobato. A classe tinha seis alunos, cinco meninos e uma menina: eu. Na quinta série, fui para o único colégio que tinha o resto do ensino fundamental e médio da cidade, o Colégio Estadual de Iporã. Foi nessa época que me apaixonei pela primeira vez. A verdade é que eu sempre fui o tipo de pessoa que sente muito. Se gosto, gosto muito. Se odeio, odeio muito. Sou sempre aos extremos. Mas não era um amor correspondido e sofri por aproximadamente seis anos, correndo e sendo desprezada pelo garoto. Mas isso é de entender, pois durante esse período eu era extremamente feia.  Muito magra, alta e com os dentes bem tortos.
   Em dois mil e dois meus pais começaram a apoiar um candidato a prefeito da cidade. Eleições em cidade pequena são incríveis. Dividem a cidade ao meio e torna-se uma guerra. Uma guerra bem divertida para uma criança de doze anos. Eu ia aos comícios, vestia a camisa, pintava as unhas de amarelo e saia aos gritos cantando a música da campanha. Arranjei muitas brigas com os colegas de classe que eram filhos de apoiadores da oposição. Com doze anos, meu maior desejo era poder votar. Viu como a parte dos extremos é verdade?
   Eu estava com quatorze anos quando cursava o primeiro ano do ensino médio. Era ano de fazer quinze e como eu não tinha ganhado uma festa grande no meu primeiro aniversário, meu pai havia me prometido que eu ganharia uma grande no décimo quinto. Seis meses de preparo, lugar da festa, idéia do vestido toda desenhada por mim, quantos convidados, DJ, o que ia ser servido, degustação de vinhos gaúchos, parentes que viriam... Muita coisa, mas que valeu a pena. A festa foi linda. Eu tinha seis casais de amigos padrinhos que fizeram a noite ainda mais especial. Principalmente as madrinhas, pois estiveram do meu lado até na hora de pagar mico e dançar “Macarena” para os convidados. Pena que durou tão pouco. Quando eu vi a festa já tinha passado, as férias tinham passado e eu não tinha aprendido nada da matéria de Física do primeiro semestre do ano. Acabei reprovando e tendo que fazer o primeiro ano de novo. Na época foi um horror, mas hoje vejo o quanto foi bom para mim. Aprendi a matéria perdida, passei de anos com folga e comecei a namorar o cara mais legal do mundo, coisa que se eu não tivesse reprovado não faria, pois ele é nove meses mais novo.
Minha festa de 15 anos.
Sempre fui muito viciada em internet. Tive inúmeros blogs, era cadastrada em inúmeras redes sociais (ainda sou) e sempre li revistas juvenis.Também sempre fui muito ligada em moda. Por isso, no começo de dois mil e nove, me inscrevi para um concurso na maior revista teen do Brasil: A Capricho. Com mais de oito mil votos na internet, me tornei uma das “10 mais estilosas do Brasil” pela revista e fiquei conhecida na internet. Nesse período também terminei o namoro. Ficamos um ano separados. Ano em que aproveitei a fama virtual, ajudei o prefeito a se reeleger, aproveitei bem minhas amigas e meio que me vinguei do carinha que eu fui apaixonada lá na quinta série. Foi nesse ano também que iniciei a minha coluna, a “Coluna da Harry” (Harry é o apelido que eu ganhei das minhas amigas) no principal jornal da cidade (o qual minha mãe é dona) o“A Tribuna do Caiuá”. 
Foto da matéria "As 10 + Estilosas do Brasil" - Revista Capricho - Ed. 1067
 Completei o segundo ano, voltei com o namorado e continuei minha vida numa boa, quinzenalmente escrevendo as minhas “trapalhadas”, quando um dos maiores jornais da região, o Jornal Umuarama Ilustrado me convidou para um estagio. Me mudei no meio do ano para Umuarama, ganhei bolsa no colégio Alfa e cuidei da parte de Variedades e Entretenimento do Jornal por 8 meses. Durante o período que estivesse em Umuarama passei em Letras na UEM, o que foi uma surpresa, pois foi o primeiro vestibular que eu tinha feito na vida. Depois, passei em quinto lugar em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda na Unipar. Eu tinha um certo preconceito contra o curso e a Universidade, graças a alguns amigos “vagais” que vi se formarem. Mas visitei o curso e me encantei. Apesar de sempre querer Jornalismo, achei que Publicidade e Propaganda me abriria mais portas e oportunidades, sem contar que depois poderia fazer pós em Jornalismo e ficar com dois diplomas em seis anos. Foi ai que o resultado do Enem saiu e eu havia passado em Letras na UTFPR e Jornalismo na UFPel. Fiquei em dúvida no que fazer, mas no fim decidi ficar na Unipar mesmo.
   Hoje tenho dezoito anos e faço a linha Iporã/Umuarama diariamente de ônibus. Ainda pretendo fazer Jornalismo, e a Fátima Bernardes está esquentando o meu lugar. Gosto muito de leitura, filmes, sapatos, esmaltes e Diamante Negro. Ah, e eu adoro ser eu.

A palavra que me define? Singular.


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